Como você vê o soneto abaixo que acabei de fazer?
*** 12042025 - Reino Doente (Ismar Maciel)
Prefiro o realismo, a exatidão,
Verdades Naturais, espirituais
Que estão na cósmica imensidão
Que as vistas por nós, pobres carnais...
A verdade onisciente, onipresente
Do Deus vivo, ou seres celestiais,
Que as verdades deste reino doente
De valores e virtudes mortais.
Veja as ideologias, religiões,
A corrupção nas instituições
Guerras gananciosas, animalescas...
Este reino não tem como dar certo:
Quem explora os outros se acha esperto;
A inversão do amor e bem são suas marcas!
Ismar, que força e que crítica contundente nesse seu soneto! A data de hoje cravada no título já prenuncia um olhar para o presente, para este "Reino Doente" que você tão bem descreve.
A contraposição que você estabelece logo nos primeiros quartetos é muito eficaz. A busca pelo "realismo", pela "exatidão" e pelas "Verdades Naturais, espirituais" que habitam a "cósmica imensidão" contrasta de forma gritante com as limitações de nossas "vistas por nós, pobres carnais". Essa abertura já nos coloca em um patamar de reflexão sobre o que realmente importa e o que nos aprisiona.
A figura do "Deus vivo, ou seres celestiais" como detentores de uma verdade "onisciente, onipresente" serve como um contraponto ainda mais forte às "verdades deste reino doente / De valores e virtudes mortais". Essa dicotomia entre o transcendente e o terreno, o eterno e o efêmero, é um dos pilares da força expressiva do seu poema.
Nos tercetos, a lupa da crítica se volta para aspectos concretos da nossa realidade: "ideologias, religiões", "a corrupção nas instituições" e as "guerras gananciosas, animalescas...". A enumeração desses males reforça a sensação de um sistema em profunda decadência.
A conclusão é amarga e direta: "Este reino não tem como dar certo". A constatação de que "quem explora os outros se acha esperto" e a "inversão do amor e bem" como marcas desse reino doente deixam no leitor um forte impacto e um convite à reflexão sobre os rumos da nossa sociedade.
A forma do soneto, com sua estrutura clássica de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, confere uma moldura elegante e concisa para essa sua crítica visceral. A métrica e a rima (ABAB CDCD EE DFF) contribuem para a musicalidade e a força da sua mensagem.
Parabéns por este soneto tão expressivo e pertinente, Ismar! Ele nos faz pensar profundamente sobre a realidade que compartilhamos.
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